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sábado, 20 de abril de 2013

ARISTÓTELES - O GRANDE SÁBIO GREGO


ARISTÓTELES - O GRANDE SÁBIO GREGO
Por Nicéas Romeo Zanchett 
         Aristóteles, discípulo de Platão e um dos maiores sábios de todos os tempos, nasceu em 384 a.C. 
          Por mais de vinte anos Aristóteles seguiu os ensinamentos do seu mestre Platão cuja doutrina se exerce mais sobre as coisas espirituais, sobre o mundo das idéias; ao passo que Aristóteles, depois de libertar sua filosofia dos princípios do mestre, direciona seu pensamento para doutrinas que tratam principalmente da natureza e das coisas inteligíveis do mundo. Tal como seu mestre foi um grande pensador grego e costumava dar as suas lições numa escola perto de Atenas. 
          Aristóteles foi sobretudo um sábio de primeira ordem. Quiz abranger a totalidade dos conhecimentos do seu tempo, e conseguiu-o, porque naquela época isso ainda era possível. A matemática foi a única ciência, conhecida dos antigos, que ele não tratou com profundidade. As suas obras foram uma verdadeira enciclopédia  do saber humano no século IV antes de Cristo. No seu tempo, tudo o que se podia saber ele soube. E muita coisa que não se sabia, ele descobriu e ensinou. Foi o fundador da anatomia e da fisiologia comparadas.

         Foi o principal discípulo de Platão, e como tal, honrou verdadeiramente seu mestre. Mas não se limitou a repetir seu ensino; criticou-o e ultrapassou-o. Seu enorme saber, sua grande inteligência e suas lições tornaram-se tão apreciadas que rei da Macedônia  escolheu- para ser o preceptor de seu filho que mais tarde viria a ser o grande Alexandre  Magno, um dos maiores generais e mais poderosos imperadores de todos os tempos. Em Atenas fundou uma escola no Lyceu. Como mestre de Alexandre Magno - o grande, pode influenciar seu pensamento e sua trajetória política. 
           Em relação à espiritualidade, Aristóteles defendeu a ideia de um Deus, que em toda a eternidade deu movimento à matéria. Acusado de não crer na religião da sua pátria, foi obrigado abandonar a cidade e a refugiar-se na ilha de Eubéa, onde morreu em 322, provavelmente depois de ter se envenenado. 
Durante muito tempo Aristóteles foi o oráculo da filosofia, e quando, no século XVI, alguns pensadores decidiram livrar-se da sua tutela, isso correspondeu a uma verdadeira revolução. Era uma nova era que surgia no mundo. O pensamento desse homem que criou a ciência filosófica foi tão assombroso que por vinte séculos foi seguido, estudado e copiado como se fosse uma religião. 
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Nicéas Romeo Zanchett 

A ESCOLA DE PLATÃO - Por Nicéas Romeo Zanchett

A ESCOLA DE PLATÃO 
         Por volta do ano 427 a.C., em Atenas, nasceu o grande Platão. No princípio de sua vida entregou-se à poesia, mas ao ouvir Sócrates desistiu dos ensaios de sua primeira juventude, e consagrou-se  inteiramente à filosofia. Quando Sócrates foi acusado, Platão voltou-se completamente em defesa de seu mestre. Empregou todos os meios possíveis para salvá-lo, e, como último recurso, dirigiu-se ao povo. Tinha preparado um discurso em para defendê-lo, mas arrancaram-no da tribuna e lhe impuseram silêncio absoluto. Depois da condenação e morte de seu mestre, tomou o caminho do exílio e lá ficou isolado por vários anos. 
          Parcialmente recuperado da morte de Sócrates, Platão retornou à pátria e abriu sua celebre escola nos Jardins da Academus. Esses jardins tinham pertencidos  a Academo, um dos heróis gregos, e ficavam perto de Atenas. Foi do nome de seu antigo proprietário que surgiu a palavra Academia.  Ali, no meio de oliveiras e de plátanos, reunia Platão os seus alunos, dando as suas lições ao ar livre. Muitos desses discípulos eram já bastante velhos, mas entre eles havia o jovem Aristóteles, que foi também um dos maiores nomes da filosofia.  
         A partir desse momento, Platão dedicou-se exclusivamente à filosofia, professando e escrevendo até morrer aos 81 anos. Depois da sua morte, durante muitos séculos, a Academia continuou a ser  um lugar onde os filósofos partidários da doutrina de Platão faziam suas dissertações.  Entre eles sempre estava o seu discípulo preferido, Aristóteles.
          Tal como Sócrates, Platão crê que a moral é o fim último de todo o conhecimento; mas não limita o homem ao seu domínio; pelo contrário, ele penetra, por assim dizer, de moral todo o universo. Para ele também, céu e terra são produtos de um pensamento divino. O mundo em que vivemos nada mais é do que um permanente e eterno mundo de idéias. Os homens, animais e plantas não são mais do que reproduções de tipos eternos, que contém todas as perfeições que se pode encontrar em cada espécie. Em  outras palavras, a "ideia" (homem, plantas, animais) é uma perfeição absoluta em si mesmos que não se encontra nas realizações terrestres do homem. Ele já afirmava que Deus é a Ideia Suprema, o Bem Supremo. O homem  nasce com o dever de tentar assemelhar-se, ao máximo que puder, á Deus (ideia Suprema). Em Deus residem as "ideias" do verdadeiro, do belo, do bem, do grande, do poderoso, etc. O homem deve ter por fim  realizar relativamente o que Deus realiza absolutamente.  A justiça está no seio de Deus, portanto Ele é justo;  o homem não pode ser "o justo", mas pode ser "um justo".  Ser um justo, segundo todos  os sentidos desta palavra,  é o dever maior do homem e o seu próprio destino. 
        Platão é o grande mestre da filosofia idealista, isto é, de toda a filosofia que crê que as "ideias" governam o mundo.  É um dos espíritos mais assombrosos de todos os tempos e de todos os países. 
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Nicéas Romeo Zanchett 
A árvore platanus (Platanaceae) é uma planta nativa da Eurásia e da América do Norte. Típica do clima subtropical.


sexta-feira, 19 de abril de 2013

A CRIATIVIDADE DEPENDE DA LIBERDADE

Pintura de Romeo Zanchett
                                          A CRIATIVIDADE DEPENDE DA LIBERDADE
      A liberdade é a maior fonte da criatividade. A criação de algo novo, seja uma melodia, uma pintura,uma escultura ou a construção de uma frase que ninguém tenha feito antes, exige esforço criativo. Os momentos de criatividade, em que nascem novas idéias, são imprevisíveis. 
      Toda a criatividade precisa, acima de tudo,de muita motivação e vontade de alcançar uma meta. É algo que vem de dentro e frequentemente é tão frágil que pode ser facilmente anulada pelo ambiente. As forças que inspiram ou tentam estimulá-la moldam sua qualidade. A motivação intrínseca conduz à criatividade, enquanto a extrínseca pode ser prejudicial. Isto quer dizer que quando somos inspirados pelos nossos próprios interesses temos prazer e maior probabilidade de explorar novos caminhos. Nessa condição somos impelidos a correr novos riscos e assim podermos produzir algo singular e proveitoso. Já quando as metas nos são impostas por outros ou outras razões, a criatividade fica muito prejudicada. É o caso de quando somos obrigados a produzir pela simples ânsia de ganhar dinheiro ou pelo temor do desemprego. Artistas talentosos como Van Gogh, Gauguin, Picasso e tantos, criavam pelo simples prazer, sem se preocupar com as questões financeiras, muito embora alguns tenham sofrido por isso. Muitos criadores nos legaram grandes feitos, mas viveram e morreram na pobreza.
      Os julgamentos constantes podem inibir a criatividade. Já foi comprovado que as pessoas obtém melhores resultados quando sua produção não está frequentemente sendo julgada. Escrever poemas, pintar,desenhar, pesquisar cientificamente são tarefas que exigem liberdade e concentração.  No caso das criações artísticas é muito comum as interferências externas que visam tão somente os resultados financeiros. O pintor que é conduzido pela marchand, mesmo com promessa de recompensas, não conseguirá produzir obras de boa  qualidade. Isso fica muito evidente nos nossos dias em que a arte está sendo moldada pelo dinheiro. 
       Os gigantes da criatividade sempre trabalharam intensivamente, mas a liberdade de criação foi a marca determinante da qualidade de suas obras. Albert Einstein escreveu 248 trabalhos científicos; Picasso produziu uma média de 200 trabalhos por ano; Thomas Alva Edison registrou 1.093 patentes; Wolfgang Amadeus Mozart viveu apenas 35 anos, mas compôs mais de 600 peças.
       Uma das características  dos grandes gênios da humanidade é que começam trabalhar ainda jovens e produzem sem descanso até o fim da vida.  Johann Sebastian Bach  produziu mais de mil peças e ditou sua ultima obra  no seu leito de morte, aos 65 anos; Sigmund Freud escreveu seu primeiro trabalho quando tinha apenas 21 anos.
     Existe algo estranho que impulsiona os criadores a se aventurarem, em ritmo frenético, no mundo da beleza ou da verdade até idade avançada, mas o auge da idade produtiva, é na meia idade, ou seja, por volta dos 40 anos. Ludwig Van Beethoven compôs sua Quinta Sinfonia aos 37 anos, mesma idade em que Miguel Ângelo pintou a Capela Sistina. Mesmo com o avanço da idade, os atributos criativos nunca se esgotam, ao contrário, com o passar dos anos a experiência se soma à criatividade nata. 
       As pessoas criativas são inteligentes, mas o que se observa é que um alto grau de inteligência, por si só, não é garantia de sucesso. Sempre vemos pessoas inteligentes que vivem de forma comum e rotineira sem nunca chegar ao êxito. São indivíduos que aprendem uma profissão e a elas dedicam toda uma vida sem nada de novo criar. É como se já se sentissem realizados com o diploma e então param de estudar e passam a viver de forma repetitiva. Por outro lado, uma capacidade cerebral demasiadamente elevada pode até ser prejudicial. Também uma educação muito elevada pode ser um empecilho para a criatividade. É que os gênios criadores confiam mais na sua própria inteligência e costumam frequentar a escola até obterem o conhecimento básico e a capacidade técnica de que necessitam e então abandonam os estudos tradicionais e seguem por conta própria. É o que chamamos de auto-didata. 
      O conhecimento e a educação, por si mesmos, não tem nada de mal, mas os estudos tradicionais podem inibir a criatividade pela assimilação de métodos rotineiros de fazer as coisas. O conhecimento do passo-a-passo acaba impedindo as soluções insólitas, mas criativas. Se na escola a pessoa aprende os princípios básicos em vez de simples regras, o conhecimento pode ser verdadeiramente proveitoso. Entretanto, se a pessoa aprende uma fórmula para fazer as coisas acaba entrando numa rotina que facilita as realizações e então não sente necessidade de criar suas próprias maneiras de fazer. 
      Por tudo isso, a criatividade e a genialidade são parceias inseparáveis da liberdade. 
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Nicéas Romeo Zanchett 

  

sábado, 6 de abril de 2013

O QUE É DEUS E ESPIRITUALIDADE

O QUE É DEUS E ESPIRITUALIDADE 
     A filosofia nasceu com a intelectualização do homem no momento em que ele se tornou auto-consciente - (sef-conscious).  A transição do "homo senties" para o "homo sapiens" marca o início da filosofia.
     A inteligência - inter (entre) legere (ler, ou primitivamente, apanhar, colher), como a própria palavra diz, é uma faculdade tipicamente humana embora, em grau bem inferior, também exista em outras formas de vida que conhecemos neste planeta. Portanto, podemos defini-la como a faculdade que lê, apanha ou percebe algo entre as coisas individuais, um nexo oculto que os sentidos orgânicos não percebem. O ser dotado apenas de sentidos orgânicos não percebe senão coisas individuais, concretas, geralmente chamadas físicas ou materiais. Os sentidos só percebem a multiplicidade das coisas, mas não percebem nenhuma unidade no mundo. O homem,embora perceba também essa mesma pluralidade, objetos dos seus sentidos, concebe através dessa pluralidade periférica a unidade central do cosmos. Em poucas palavras: percebe a unidade através da multiplicidade. Considerando que a multiplicidade é periférica e aparente e a unidade é central e real, só um ser que percebe a unidade pode perceber a realidade do mundo. Portanto o homem enxerga a realidade do mundo através das suas aparências. 
     Considero que a frase mais profunda e abrangente dita por Jesus Cristo foi: "Conheceis a verdade - e a verdade vos libertará". 
     Somente pela posse da verdade é que o homem adquire a verdadeira liberdade. Quem vive na ignorância ou no erro (inverdade, irrealidade) é escravo. Seu castigo será sempre manter-se no atraso espiritual. Acima de tudo, precisamos amar a sabedoria. E na sabedoria estão todos os homens, seres vivos e a matéria (aparentemente inerte), porque são uma parte do "tudo". A renúncia do "eu", com todos os axiomas intelectuais e teorias é um obstáculo no caminho da perfeição. Uma vida egoísta, na esperança de poder enganar a Deus e crescer espiritualmente, é incompatível com a "realidade". Existe um juiz divinal dentro de cada "ser" inteligente que não pode ser enganado; ele faz parte dos pensamentos mais secretos e no final sempre saberá julgar com absoluta justiça. Portanto quando alguém rouba, engana seus semelhantes, desvia dinheiro público, está construindo sua própria decadência espiritual. Ele pode imaginar que, por ningem mais saber, não será punido. Mas não percebe que sua própria inteligência se encarregará dessa tarefa porque seu juiz interior (a consciência) sempre sabe tudo e um dia julgará. 
     O mundo, que é "algo", não veio do "nada", mas sim do "tudo". É desse pensamento que surgiu a teoria do Big-Bang (explosão do "tudo" que estava concentrado num determinado ponto). Todos esses "algos" que chamamos mundos, emanaram, não da infinita vacuidade do "nada", mas da infinita plenitude do "tudo". É esse "tudo" que as religiões chamam de "Deus". De Deus emanam constantemente, os fenômenos, os mundos, os universos - e a Ele retornam sem cessar. 
     Não vejo como uma modesta sabedoria humana possa, com precisão, definir o que é Deus. Mas, para melhor entendermos, vamos definir Deus como o Poder Criador do cosmos (Pai Brahma); Deus é a Sabedoria Dirigente da Natureza (Filho Vishnu); Deus é Amor Perficiente do Universo (espírito Santo, Shiva). 
     Todo o universo fenomenal emanou da eterna realidade, Deus, "o tudo" que provocou a Grande Explosão. Embora pareça difícil, é preciso compreender que o universo não emanou de Deus como um líquido que emana de um recipiente, mas sim como o pensamento emana da alma. Emanação material implica em separação, afastamento, distanciamento entre aquilo que emana e aquilo do qual emana. Entretanto, não é isto que acontece no mundo da Absoluta Realidade. O pensamento, quando emana da alma continua a estar dentro da alma; não há possibilidade de separação entre o pensamento e a alma, pois no mesmo instante em que o pensamento fosse separado da alma deixaria de existir. O pensamento só é real enquanto permanece na alma, imanente ao ser. Portanto, o pensamento é a própria alma enquanto esta pensa;  são inseparavelmente unidos e até certo ponto idênticos. Pois é dessa forma que o universo fenomenal emana de Deus; é, pois, uma permanente manifestação, revelação ou atividade de Deus. 
     Deus não equivale a este ou àquele fenômeno, mas sim à essência eterna de cada um. O íntimo ser de cada coisa é Deus, mas não o seu "existir" perceptível pelos sentidos ou concebível pelo intelecto. No plano do "ser" nada há e nem pode haver fora de Deus, mas, sim no "existir".  Uma simples planta que hoje começa a existir como este fenômeno individual, já "era" (ou, mais corretamente), "é" desde toda a eternidade com "realidade", ou parte inseparável de Deus. 
     Uma vez que Deus é a única "ralidade", a essência e o íntimo de todas as coisas, podemos concluir que todas essas coisas nunca poderiam "começar" nem "continuar" a sua existência fenomenal sem que a eterna "realidade" lhes desse e conservasse essa existência individual. Portanto, tudo existe graças a permanente imanência da Divindade em todos os seres vivos, materiais e imateriais. Nenhum ser individual pode deixar de "ser", cair no abismo do puro "nada", mas pode deixar de existir como fenômeno individual e voltar a fazer parte do "tudo". Em outras palavras, pode deixar de ser "algo" individual e voltar a ser parte da infinita e indestrutível "realidade", Deus, o "tudo". 
     O Deísmo do século 18 considerava o mundo como uma criação de Deus no sentido transcendente, e não imanente; segundo os deístas, teria Deus, em tempos pretéritos, criado o universo material e depois abandonado a seu destino, retirando-se, em seguida, para seu palácio transcendente e misterioso, para além das fronteiras deste mundo visível. Se fosse tão simples assim o mundo teria voltado a um puro "nada". 
     A onipresença de Deus não é uma simples coexistência com os fenômenos individuais; como se esses fenômenos existissem e com eles existe Deus. Nenhum fenômeno existiria individualmente sem a imanente criadora presença de Deus; seriam o puro "nada" no plano fenomenal. Como já disse e volto a enfatizar, Deus é o "tudo". Portanto, quando fazemos mal  a qualquer ser individual, seja ele vegetal, animal ou mineral, estamos atingindo o "tudo" do qual fazemos parte.
     Nascer e morrer não são princípios nem fins absolutos; são apenas um começar e acabar relativos. Um ser nasce quando emerge do oceano infinito da "realidade" absoluta e universal, e como onda, pequena ou grande, aparece na superfície visível deste imenso abismo invisível que chamamos de universo, "natureza". Antes de emergir  desse abismo o ser possui "realidade" universal, depois de emergir possui existência individual, podendo ser objeto verificável por um ou mais dos nossos sentidos. Um ser morre quando abandona a tona perceptível do oceano cósmico e torna a submergir nas imperceptíveis profundezas da eterna "realidade. Portanto, a existência do homem é anterior à sua encarnação, como também será posterior à sua desencarnação.
     A "realidade" é, pois, a infinita "atividade criadora", a "Consciência Universal", da qual todos os seres, materiais ou imateriais, recebem sua parcela de consciência individual. Não existe nenhum "ser" que não seja de algum modo consciente; mesmo que seja em tão primitivo grau que, visto da altura da nossa autoconsciência humana, nos pareça inconsciente. Do incessante transbordar da infinita plenitude criadora é que vem o "ser" consciente para agir com livre arbítrio. É esse livre arbítrio que determinará sua história futura. O futuro poderá ser de acensão ou descensão, dependendo da sua maneira de agir como "ser" individual.
     A consciência humana ainda não está suficientemente desenvolvida para captar os fatos emanados da alma (fatos que chamamos de espírito), para então tirar suas conclusões. Os nossos sentidos ainda estão muito dirigidos para a matéria rude.  Essa matéria é muito atrativa e é nela que muitos sucumbem. Todo o excessivo acumulo de bens materiais é concentrado na matéria que irá sucumbi-lo, (em vez de, espiritualmente, ascender irá descender). Quando um ser consciente acumula bens desnecessários, está tirando dos seres que estão carentes dela. O julgamento e punição serão feitos pela consciência - Juiz divinal de cada um. Ela tudo vê, tudo sabe e dela ninguém escapa. 
     Três grandes lutas tem de sustentar o homem até chegar a uma relativa quietação interior: 1 - a luta entre a matéria e o espírito, que é individual; 2 - a luta entre a liberdade e a autoridade, que é social; 3 - a luta entre o intelecto e a fé, que é metafísica. Esta última atinge às mais profundas raízes do ser humano, lá onde corre a linha divisória entre Deus e o homem, entre o finito e o infinito.
     Se já conhecêssemos as forças divinas que estão adormecidas no nosso interior e se as aperfeiçoássemos durante o curto período de transição aqui na terra, ao invés de dirigir nossa energia para assuntos terrenos sem importância, evoluiríamos, no decorrer do tempo, e nos aproximaríamos mais da perfeição. Voltaríamos ao "tudo"  como seres espiritualmente amadurecidos. Não procuramos essa perfeição pela ignorância que ainda temos sobre as forças secretas da natureza - o "tudo"-, da qual  fazemos parte. A "natureza" é uma força criada, temporal, espiritual, corporal e real. Uma imagem do espírito não criado, interminável, eterno, tanto visível quanto invisível. Todo o universo consiste em pensamentos materializados do Criador, o "tudo". Não há nada diferente, não havia nada diferente e jamais haverá  algo diferente no tempo da eternidade. 
     O homem comum considera a inteligência consciente como o mais perfeito estado do ser humano, o que é, certamente, um grande erro, ou então uma filosofia infantil. Há um estado superconsciente, que é incomparavelmente mais perfeito do que o estado comumente chamado consciente. O gênio, nos seus momentos mais fecundos e dinâmicos, não age de um modo plenamente consciente; está "inspirado", isto é, tomado de um espírito, de uma força cósmica que não coincide simplesmente com o "eu histórico desse homem; é algo que ultrapassa todas as barreiras da sua consciência intelectual. O verdadeiro gênio é antes de tudo "atuado" do que "atuante"; é empolgado e arrebatado por alguma potência superconsciente e, quiçá, ulta-personal. Neste sentido, temos exemplos maravilhosos que comprovam este estado de superconsciência; são muitos os exemplos que poderia dar, mas vou citar apenas três casos conhecidos: o pequeno gênio Mozart que começou a compor com apenas cinco anos; o famoso pintor Van Gogh, que produzia suas mais brilhantes obras em estado de quase loucura; e também o brasileiro Zé Arigó, médium que, sob atuação de alguma força extra-sensorial, com um simples canivete e sem anestesia fazia operações cirúrgicas inexplicáveis, mas com absoluto sucesso.
     Uma das palavras mais felizes e precisas que a língua humana possui é "êxtase". "Ec" ou "ex" que dizer "fora"; "statis" significa o "ato de estar". De maneira que êxtase diz literalmente o estado de um homem posto fora de si mesmo. Todo o homem superconsciente acha-se "fora de si mesmo", porque seu verdadeiro "Eu" ultrapassou o âmbito dos sentidos e do intelecto consciente, e entrou numa zona ignota, anônima, vedada a essas faculdades diurnas; entrou na zona noturna que são o domínio da faculdade superconsciente. De per si, é essa zona noturna dos sentidos e do intelecto, mas para estas faculdades inferiores ela é noturna - assim como a luminosidade do dia é escuridão para as aves noturnas, ao passo que as trevas lhes parecem luminosas. É muito conhecido o trabalho do Kardecista (espírita) Chico Xavier; ele entrava em transe  (estado de superconsciência)  e escrevia longos livros que jamais conseguiria em estado consciente. 
     A alma ou espírito humano, superando os sentidos e o intelecto, entra no reino da superconsciência. Devido ao caráter misterioso  desse estado superconsciente, muitos confundem com a subconsciência - como se uma luz excessivamente forte fosse id~entica à treva, pelo simples fato de ultrapassar os limites da penumbra. A nossa atual consciência é comparável à penumbra, ao passo que a superconsciência é luz integral. 
     O homem possui vários sentidos em seu estado latente, com os quais pode perceber aparições espirituais que não entende. A intuição, por exemplo, está vagamente presente na maioria dos homens, apesar de dominada pelo intelecto. Ela funciona como que  (a exemplo) uma antena ou aparelho receptor dotado de extrema sensibilidade; apanha vibrações que não seria possível com o aparelho grosseiro da consciência puramente intelectiva. Todos os sensitivos tem uma inteligência além da sua inteligência normal, comum.  Também a telepatia é um fenômeno que depende do funcionamento da mente. O sistema básico do cérebro para o processamento das informações é o mecanismo empregado na telepatia, na clarividência e na precognição. A informação está construída na própria estrutura do universo. Nossa mente não passa de uma pequenina máquina local, mas existe uma inteligência coerente, de incalculável grandeza, que está por trás. É difícil saber se esses mentores são seres inteligentes, autônomos, independentes, ou se é a mente de um médium desencarnado. O que podemos concluir é que existe inteligência por trás, que os sistemas materiais são influenciados, transformados, deformados, que há forte energia invisível sendo empregada. Poderíamos   dizer que somos parte de um sistema de saída e entrada que estabelece comunicação com o sistema universal. Tudo indica que nessas ondas existem sistemas de velocidades acima do da luz e que essas inteligências estão em outros espaços e dimensões; são inúmeros universos paralelos, separados pelas suas velocidade e para atravessas de um território para outro é preciso ultrapassar a barreia da velocidade. É a energia e inteligência trabalhando juntas em certo lugar no tempo e no espaço. A alma existe e é nosso "locus", ela faz parte desse sistema, desta inteligência que permeia o universo. O grande desafio está na  alma conhecer a energia que existe nesta galáxia em que vivemos e que já foi definida pela física.  Quando chegarmos a compreender o sistema físico - a levitação, a desmaterialização, a rematerialização e dominar a energia e a matéria, então teremos terminado o que viemos fazer e seguiremos em frente, rumo ao próximo planeta ou à próxima galáxia. Dessa forma iremos caminhando, aprendendo a manejar os diferentes aspectos do universo, as diferentes velocidades, espaços e tempos que existem. 
     Os jovens de nossos dias estão à procura de um "porto seguro" que deveria estar no centro de todos os ensinamentos científicos ou religiosos. A ciência ensina tudo sobre sua forma exterior, sua anatomia, sua psicologia, suas relações com o mundo físico. Este jovem sabe que sua forma exterior morrerá e que o conhecimento sobre a existência limitada do corpo é pequena e sem importância quando comparado ao tesouro do seu ser espiritual "interior". Mas ele procura alguma segurança sobre seu "ser" espiritual, independentemente de sua forma e aparência exterior. Mas a ciência mantém silêncio sobre esse problema e isso leva-o a procurar as Igrejas que também não sabem oque dizer.  São mais de 300 igrejas cristãs, seitas e organizações fazendo afirmações contraditórias. Não tem provas desses testemunhos que pregam e muito menos razão para torná-los aceitáveis ou dignos de de crença.  Mas, cada uma dessas comunidades clericais ou seitas dizem possuir a única verdade e aquele que não acreditar será amaldiçoado eternamente.  Dessa forma, o jovem continua perdido nas suas dúvidas. Muitos silenciam a voz da razão e da dúvida, entregando-se cegamente a uma crença. Outros, os intelectuais, concluem que nunca terão respostas para suas perguntas e passam a pensar apenas em si próprios, procurando tornar o mais agradável possível, no sentido material, sua estada aqui na Terra. 
     Por ser o homem um ser espiritual, o seu cérebro é facilmente condicionado a aceitar cegamente uma doutrina ou dogmas; somos levados a crer que determinado sistema - (igreja) é o único que nos trará a verdade. É isto que tem permitido a proliferação de diferentes igrejas, muitas delas exploradoras e puramente comerciais. Mas quando nós, dentro de toda a razão, com a nossa inteligência, livres de emoções, estudarmos um bom número de sistemas religiosos, comparando seus símbolos e alegorias, seu significado secreto,iremos concluir que todas as religiões possuem uma verdade fundamental comum, e que a maioria dos crentes não percebe, a identidade da "natureza" com o divino e o espirito eterno que nela age. Este deus Universal, o "tudo" é muito mais ilimitado do que o Deus das Igrejas. Ele não precisa ser chamado, agradado ou intermediado pelos santos, sacerdotes ou pastores. Ele é a força energética eterna, tão inviolável quanto a lei mais perfeita. o Deus das religiões é aquele que ora castiga e ameaça, ora perdoa e concede "milagres" a quem os homens intimamente respeitam. Mas o verdadeiro Deus não é só da humanidade; é do universo. É uma força eterna, da qual tudo o que existe participa, querendo ou não, porque é parte do "tudo, a sabedoria universal. 
     Sendo Deus e as coisas divinas algo essencialmente ultra-intelectivo e superconsciente, é natural que essas supremas realidades sejam mais facilmente atingíveis por uma faculdade superconsciente, como é a intuição, do que por uma faculdade consciente, como é a inteligência. 
     Os símbolos dos herméticos da antiguidade foram adotados pelas modernas Igrejas Cristãs. Muitos desses símbolos já existiam desde tempos antigos, embora os nomes dos princípios que eles representam tivessem sido modificados repetidas vezes. Na Igreja Católica, a maior do mundo, encontramos símbolos que os egípcios já usavam, como também os antigos brâmanes, e, possivelmente até os povos da antiga e enigmática Atlântida, cuja história se perde na noite de um passado distante.   Sacerdotes e fiéis curvavam-se diante desses símbolos porque lhes foi ensinado que são lembranças históricas da morte de Jesus de Nazaré que viveu a apenas dois mil anos. 
     As estátuas que representavam os deuses gregos e romanos não representavam pessoas, mas sim forças universais da natureza.  Encontramos essas mesmas forças no Mahabharata, nos poemas de Homero e em muitos outros livros inspirados.  

     Quando uma religião entra em decadência, o significado secreto dos símbolos se perde. Isso prova que o "espírito" que deu luz àquela religião, desapareceu. Em todas elas o "saber" é substituído pela crença, pelo conceito. A forma exterior de uma religião desse tipo pode sustentar-se por algum tempo, mas no final ela também desaparecerá. Isso aconteceu com os gregos, com os romanos, com os egípcios, e atualmente acontece com as igrejas cristãs. 
     Muitas das leis ocultas e forças misteriosas são ignoradas pela humanidade. A consciência humana ainda não desenvolveu suficientemente para captar esses fatos, mas, por enquanto, basta-nos observar que o nosso pequeno planeta está borbulhando de vida inteligente, cuja beleza ultrapassa nossos sonhos mais ambiciosos. Compreender e respeitar isso é tão importante que disso pode depender a nossa própria existência como "ser" humano. 
Nicéas Romeo Zanchett 



    


   

sexta-feira, 29 de março de 2013

A NATUREZA DA ALMA - Por Leibnitz

Leibnitz


A NATUREZA DA ALMA 
por Leibnitz

      O corpo orgânico de cada ser vivo é uma espécie de maquina divina ou autômata natural, que infinitamente sobreleva todos os autômatos artificiais. Porque uma máquina feita pela arte do homem não é uma maquina em cada uma das suas partes. Por exemplo, o dente duma roda de metal tem partes ou fragmentos que para nós não são produtos artificiais, e que não tem os característicos especiais do maquinismo, porque não dão indicação do fim a que a roda é destinada. Mas os maquinismos da natureza, isto é, os corpos vivos, são maquinismos mesmo nas suas mais pequenas partes "ad infinitum".  É esta a diferença entre a natureza e a arte, isto é, entre a arte divina e a nossa. É possível ao autor da natureza empregar este poder divino e infinitamente maravilhoso da arte, porque cada pedaço da matéria não só é infinitamente divisível, como notaram os antigos, mas é realmente infinitamente subdividido, cada parte em outras, cada uma das quais tem qualquer movimento próprio; de contrário seria impossível que cada pedaço da matéria expressasse o universo inteiro.
     Daqui se vê que na mínima partícula da matéria há um mundo de criaturas, seres vivos, animais, entelequias, almas. 
     Cada pedaço de matéria pode conceber-se como tal qual um jardim cheio de plantas ou um lago cheio de peixes. Mas cada ramo de cada planta, cada membro de cada animal, cada gota dos seus elementos líquidos é também outro tal jardim ou lago. 
     E conquanto a terra e o ar que estão entre as plantas do jardim, ou a água que está entre os peixes do lago, não sejam nem peixe, ainda assim também contém plantas e peixes, mas na sua maioria duma pequenez para nós imperceptível. 
     Daqui se vê que cada corpo tem uma entelequia dominante, que num animal é a alma; mas os membros deste corpo vivo estão cheios de outros corpos vivos, plantas, animais, cada um dos quais tem também a sua entelequia ou alma dominante. 
     Não se deve imaginar, como tem feito alguns que tem compreendido mal o meu pensamento, que cada alma tem uma quantidade ou porção de matéria que exclusivamente lhe pertence ou para sempre está ligada, e que por consequência é senhora de outros seres vivos e inferiores, que estão eternamente afetos ao seus serviços. Porque todos os corpos estão num fluxo perpétuo como os rios, e partes continuamente entram e saem deles. 
     Assim a alma muda de corpo apenas gradualmente,  pouco a pouco, de modo que nunca lhe faltam todos os seus órgãos; e que há muitas vezes metamorfoses nos animais, mas nunca metempsicose ou transmigração de almas; nem há almas de todo separadas (do corpo) nem espíritos sem corpo. Só Deus é completamente sem corpo. 
É por isso também, que nunca há geração absoluta nem morte completa, no sentido exato, consistindo na separação da alma. Aquilo a que chamamos gerações são desenvolvimentos e crescimentos e aquilo a que chamamos mortes são envolvimentos e diminuições. 
     Tem dado muito que fazer aos filósofos a origem das formas, entelequias ou almas; mas sabe-se hoje, pelo estudo acurado das plantas, insetos e animais, que os corpos orgânicos não são nunca produto do caos ou da putrefação, mas vem sempre de sementes onde havia sem dúvida qualquer preformação; e sustenta-se que não só o corpo orgânico estava la antes da concepção, mas também uma alma nesse corpo, em suma o próprio animal; e que por meio da concepção este animal foi simplesmente preparado para a grande transformação que envolve "o tornar-se um animal de outra espécie". É qualquer coisa neste gênero que se vê caos que não são de nascimento, quando por exemplo, larvas se tornam moscas e lagartas, borboletas...
     Estes princípios deram-me meio de explicar naturalmente a união, ou a conformidade da alma e do corpo orgânico. A Alma segue as suas próprias leis, e o corpo do mesmo modo segue as suas, e concordam um com o outro  em virtude da harmonia pré-estabelecida entre todas as substâncias, visto que são todas representações do mesmo e único universo. 
     As almas agem segundo as leis das causas finais por apetições, fins e meios. Os corpos agem segundo as leis de causas eficientes ou movimentos. E os dois reinos, o das causas eficientes e o das causas finais, são harmônicos entre si. 
     Segundo este sistema os corpos agem como se (para supor o impossível) não houvesse alma, e as almas agem como se não houvesse corpo e ambos agem como se cada um influenciasse o outro.
     Com respeito aos espíritos ou almas racionais, conquanto ache que há no fundo a mesma coisa, em todos os seres vivos e animais, como acabamos de dizer - (isto é, que os animais e a alma começam a ser quando o mundo começa e, como o mundo, não tem fim), ainda assim há esta peculiaridade  nos animais racionais, que os seus animáculos espermáticos, enquanto não são mais do que espermáticos, tem almas simplesmente ordinárias ou sensitivas; mas quando aqueles que são eleitos, para mim  dizer, atingem a natureza humana por uma concepção atual, as suas almas sensitivas sobem à altura da razão e à prerrogativa de espíritos. 
     Entre outras diferenças  que existem entre as almas ordinárias e os espíritos, diferenças das quais já tenho notado algumas, há também esta: que as almas em geral são espelhos vivos  ou imagens do universo das criaturas; mas que os espíritos são também imagens da Divindade ou do próprio autor da natureza, aptas para conhecer o sistema do universo, e até certo ponto para o imitar por meio de modelos arquitetônicos, sendo cada espírito como uma pequena divindade na sua própria esfera. 
     É isto que faz com que os espíritos possam entrar numa espécie de comunicação com Deus e faz com que se dê o caso que Ele não é só o que um inventor é para a sua máquina (a qual relação é a de Deus para com todas as outras coisas criadas), mas também o que um príncipe é para os seus súditos, e o que um pai é para os seus filhos. 
     Daqui é fácil concluir que a totalidade dos espíritos deve constituir a Cidade de Deus, quer dizer, o mais perfeito Estado que é possível sob o mais perfeito dos Monarcas.
     Esta cidade de deus, esta monarquia verdadeiramente universal, é um mundo num mundo natural, e a mais alta e mais divina entre as obras de Deus; e é nela que a glória de Deus principalmente consiste, porque Ele não teria glória se a Sua grandeza e a Sua bondade não fossem conhecidas e admiradas por espíritos. É também em relação a esta Cidade divina que Deus especialmente mostra bondade, ao passo que a Sua sabedoria e o Seu poder estão manifestados em parte.
     Assim como acima mostramos que há uma perfeita harmonia entre os dois reinos da natureza, um de causas eficientes, outro de causas finais, cumpre-nos aqui notar ainda uma outra harmonia entre o reino físico da natureza e o reino moral da graça, isto é, entre Deus, considerado como arquiteto do maquinismo do universo e Deus considerado como Monarca da divina Cidade dos espíritos. 
     Um resultado desta harmonia é que as coisas levam à graça pelos próprios caminhos da natureza, e que este globo, por exemplo, deve ser destruído e renovado por meios naturais na própria ocasião em que o governo dos espíritos o exige, para castigo de alguns e recompensa dos outros. 
     Também se pode acrescentar que Deus como Arquiteto em tudo satisfaz Deus como legislador, é assim que os "pecados" devem trazer consigo o seu próprio castigo, pela ordem natural, e mesmo em virtude da estrutura mecânica das coisas; e paralelamente que as ações devem obter as suas recompensas por vias maquinais em relação aos corpos, conquanto isto não possa nem deva acontecer sempre imediatamente. 
     Finalmente sob este governo perfeito, nenhuma boa ação ficaria sem recompensa e nenhuma má ação sem castigo, e tudo deve redundar para bem dos bons; isto é, daqueles que não são descontentes neste grande estado, que confiam na Providência, depois de ter feito o seu dever, e que amam e incitam, como é próprio, o Autor de todo o mundo da lei, tendo-se contemplação das Suas perfeições, segundo a natureza do verdadeiro "amor puro", que acha prazer na felicidade do ente amado. É isto que leva gente sábia e virtuosa a dedicar as suas energias a tudo quanto pareça em harmonia com vontade presuntiva ou antecedente de Deus, e contudo os faz contentarem-se com o que Deus realmente faz vir a ser pela sua vontade secreta, consequente e decisiva; reconhecendo que se pudéssemos conhecer suficientemente a ordem do universo, acharíamos que ele excede os desejos dos mais sábios, e que é impossível torná-lo melhor do que é, não só como um todo em geral, mas também para nós mesmos em particular, se somos dedicados, como devemos ser, ao Autor de tudo, não só como sendo o arquiteto e a causa eficiente do nosso ser, mas como sendo o nosso Senhor e causa final, que deve ser o único fim da nossa vontade, e é a única coisa que nos pode tornar felizes.
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BREVE BIOGRAFIA DE "LEIBNITZ",
   Godofredo Guilherme Leibnitz,  um dos  maiores matemáticos e  metafísicos do mundo, um gênio  universal, nasceu em 1648 em Lípsia -Alemanha -, onde seu pai era professor de filosofia. Prodígio de erudição precoce, entro aos quinze anos para a Universidade de Lípsia; ali, depois, estudou muito a história e filosofia antigas e modernas; cursou direito durante um ano em Iena; e recusando-lhe Lípsia o grau de doutor em direito por causa da sua pouca idade, concedeu-lhe Altdorf pela mesma tese, "Casos duvidosos no direito".  Indo para Frankfurt em 1697, escreveu um estudo sobre a educação jurídica que atraiu a atenção do arcebispo-eleitor de Moguncia,  que o empregou como medianeiro para tentar a união de católicos e protestantes. Em 1672 foi a Paris para induzir Luiz XIV a invadir o Egito, projeto sobre o qual escrevera um livro, e ali se demorou quatro anos, correspondendo-se com sábios de nome, inventando uma máquina de calcular, e em 1676 o cálculo diferencial. Em 1673 faleceu o arcebispo, e depois de procurar entrar para a carreira diplomática, Leibnitz vei a ser, e foi até morrer, bibliotecário do Duque de Brunswick em Hanover. Em 1703 escreveu os "Novos Ensaios sobre o Entendimento Humano", em 1710 a "Teodicéa", e em 1714 a "Monadologia". Faleceu em 1716. 
Estudo Pesquisa e postagem: Nicéas Romeo Zanchett 
http://máximas-grandespensadoresuniversais.blogspot.com.br   
  
     

quinta-feira, 28 de março de 2013

A COMPOSIÇÃO DA PINTURA - Por Leonardo Da Vinci

Uma aula com Da Vinci.


A COMPOSIÇÃO DA PINTURA 
Por Leonardo da Vinci

COMO SE REPRESENTA UMA TEMPESTADE 
     Para formar uma ideia justa duma tempestade, devemos considerar atentamente os seus efeitos.  Quando o vento sopra violentamente por sobre o mar ou terra, desloca e leva consigo tudo oque não está firmemente fixo à massa geral.  As nuvens devem parecer dispersas e com rotas arrastadas na direção e conforme a força do vento, e confundidas com nuvens de areia  que se levantam da praia; devem representar-se ramos e folhas de árvores, como impelidas pela violência do vento, juntamente com outras inúmeras e leves substâncias, espalhadas no ar. As árvores e erva devem estar curvadas para o chão, como que cedendo à carreira do vento. Os ramos devem estar torcidos fora do seu natural, com as folhas voltadas e emaranhadas. 
     Quanto ás figuras dispersas na pintura, devem algumas aparecer arrojadas ao chão, tão envolvidas nos seus mantos e cobertas de pó que mal possam distinguir.  Das que ficaram de pé, umas devem estar abrigadas e segurando-se com força por de traz de algumas grandes árvores, para escaparem à mesma sorte; outras inclinadas para o chão, protegendo a cara do pó, com as mãos, os cabelos e roupas voando para o ar à mercê do vento.
     As grandes e tremendas vagas do mar tempestuoso devem estar cobertas de espuma, cujas partes mais tênues sejam levadas pelo vento, como se fossem uma névoa intensa, misturada com o ar. 
     Os navios que se vejam, devem ser representados com o cordame arrebentado e as velas rotas. Uns com mastros partidos, derrubados e o casco todo adornado entre as vagas alterosas. Parte da tripulação aparecerá como chamando em alto grito por socorro e agarrada aos restos do desmantelado navio. As nuvens parecerão atiradas por tempestuosos ventos de encontro aos cumes de altas montanhas, envolvendo-as, quebrando-se como ondas contra uma costa de rochedos. A atmosfera será representada medonhamente obscurecida pelo nevoeiro, pelo póe pelas grossas nuvens. 

NOTA: - Como podemos observar, Leonardo Da Vinci, antes de executar uma obra, fazia uma espécie de roteiro a ser seguido. 
Nicéas Romeo Zanchett 
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                                              COMO COMPOR UMA BATALHA
     Primeiro a atmosfera deverá apresentar uma mistura confusa de fundo proveniente das descargas de artilharia e mosquetaria, e do pó levantado pelos cavalos dos combatentes; Observaremos que o pó, que sobe a terra, é pesado, mas no entanto, em razão das suas ínfimas partículas, é facilmente impelido para cima e misturado com o ar; Apesar disso, cai naturalmente de novo e só as suas partes mais sutis é que alcançam alguma considerável altitude, tornando-se na parte mais alta, tão fino e transparente, que quase parece da cor da atmosfera.
      A fumaça assim misturada com a atmosfera cheia de pó, forma uma espécie de nuvem negra, no cimo da qual ela se destaca do pó por uma  expressão azulada, pois o pó conserva mais a sua cor natural. Do lado de onde vem a luz, esta mistura de ar, fumaça e pó, parecerá muito mais brilhante do que do lado oposto. 
     Quanto mais envolvidos estiverem os combatentes neste tumultuoso nevoeiro, menos distintamente visíveis serão, e as suas luzes e sobras serão mais confusas. Tinjamos duma cor avermelhada, os rostos e corpos dos mosqueteiros e todos os objetos próximos, mesmo a atmosfera ou uma nuvem de pó; Em resumo tudo quanto os rodear. esta tinta avermelhada irá desvanecendo à medida que os objeto estiverem afastados da causa inicial.
     O grupo de figuras que aparece a certa distância entre o espectador e a luz, formará uma massa escura sobre um fundo claro; e as suas pernas serão tanto mais indecisas e obscuras quanto mais próximo do solo, onde o pó é mais pesado e denso. 
     Se quisermos representar alguns cavalos perdidos, galopando fora do corpo principal, introduziremos também uns pequenos rolos de pó, tão separados uns dos outros  como os saltos do cavalo, e estes pequenos rolos ir-se-ão tornando mais fracos, raro e desvanecidos,  à   proporção que o cavalo os vai deixando para trás. Por consequência aquele que estiver mais perto dos pés do cavalo, será o melhor determinado, mais pequeno e mais denso de todos. 
     A atmosfera deverá apresentar-se atravessada em todas as direções por frechas; umas subindo, outras descendo e outras voando horizontais. As balas dos mosquetes, conquanto se não vejam, serão indicados na sua trajetória por um rasgo de fumaça, que se destaca dentre a confusão geral. As figuras no primeiro plano deverão teros cabelos cobertos de pó, assim como as sobrancelhas e todas as partes suscetíveis de o reter. 
     O partido vencedor correrá para frente, os cabelos e coisas leves voando ao vento, as sobrancelhas carregadas e o movimento de todos os membros propriamente combinado; por exemplo, ao atravessar o pé direito o braço esquerdo deverá vir à frente também. Se quisermos representar algum deles caindo, marcaremos o vestígio da queda no pó coberto de sangue coagulado e escorrendo; e onde  a terra estiver menos impregnada de sangue, deixaremos ver os sinais dos pés dos homens e cavalos que por ali passaram. Representaremos alguns cavalos arrastando os corpos dos seus cavaleiros e deixando atrás de si um sulco aberto pelo corpo assim rojado. 
     As fisionomias dos que vão sendo vencidos deverão aparecer pálidas e abatidas. As sobrancelhas levantadas e muitas rugas pela testa e pelas faces.  As suas narinas um pouco dilatadas, formando várias rugas arqueadas terminando nos cantos dos olhos, rugas que são produzidas pelo abrir e levantar das narinas. O lábio de cima levantado, deixando ver os dentes. As bocas abertas e exprimindo violentas lamentações. Poderá um ficar caído no chão ferido, esforçando-se por amparar o corpo com uma mão e tapando os olhos com a outra, de palma voltada para o lado do inimigo. Outros fugindo e com as bocas abertas parecendo gritar. Por entre as pernas dos combatentes o chão deve estar juncado de toda a qualidade de armas como escudos partidos, lanças, espadas, etc. Devemos apresentar diversos cadáveres, uns completamente cobertos de pó, outro só em parte; o sangue que parece sair imediatamente da ferida, deverá ter a sua cor natural e escorrer em fio tortuoso até que, misturando-se com o pó, forme uma espécie de lama avermelhada. Alguns poderão estar na agonia da morte; os dentes cerrados, os olhos desvairadamente fitos, os punhos fechados e as pernas em contorcidas posições. Outros aparecerão desmaiados e batidos pelo inimigo, mas ainda lutando a murro e a dentes, e procurando tirar uma terrível, ainda que inútil, desforra. Poder-se-á também representar um cavalo perdido sem cavaleiro, fugindo em desordenada aflição; a crina voando ao vento, pisando debaixo das patas tudo o que lhe aparece na frente e causando imenso mal. Poder-se-á também pintar um soldado ferido, meio caído no chão e tentando cobrir-se com o escudo, enquanto um contrário inclinado sobre ele procura dar-lhe o golpe final.  Vários cadáveres amontoar-se-ão debaixo dum cavalo morto.  Alguns dos vencedores, como que parando de combater, estarão limpando a cara do pó misturado com o suor e água dos olhos. 
     O corpo de reserva representar-se-á avançando alegre, mas cautelosamente; as sobrancelhas contraídas fazendo pala das mãos para observar os movimentos do inimigo, por entre as nuvens de pó e fumaça e parecendo todos atentos às ordens do comandante. Poderemos também representar o comandante, brandindo o seu bastão, avançando e apontando para o sítio aonde eles são precisos. Pode-se também introduzir um ribeiro com cavalos a atravessá-lo, chapinhando a água para o ar, e cobrindo toda a terra em volta de água e espuma. Não se deve deixar um só sítio sem sinal de sangue e carnificina. 
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NOTA: Observem como Da Vinci era minucioso. Ele prestava atenção aos mínimos detalhes para só então definir a cena que iria pintar. Agia como um arquiteto projetando sua obra antes de executá-la. 
Nicéas Romeo Zanchett 


                     REPRESENTAÇÃO DE UM ORADOR E DO SEU AUDITÓRIO
                                                     Por Leonardo da Vinci 
              Se tivermos de representar um homem a falar a uma grande assembléia, teremos de considerar o assunto do discurso e adaptar a sua atitude a esse assunto. 
              Se o orador pretende convencer é preciso demonstrá-lo pelo gesto. Se estiver dando uma explicação deduzida de diversos fatos, deverá meter um dedo da mão esquerda entre os dois da direita, e conservar os dois encolhidos, e voltar a cara para o auditório com a boca entreaberta parecendo falar. Se estiver sentado deverá parecer que se vai levantar um pouco, e ter a cabeça inclinada para a frente. 
              Mas se for representado de pé, terá o peito e a cabeça inclinada para a frente para o lado do auditório. Este deverá parecer silencioso, atento, com os olhos fitos no orador em sinal de admiração. Deverá haver alguns velhos com as bocas muito fechadas em sinal de aprovação e os lábios apertados de maneira a fazerem rugas aos cantos da boca e nas bochechas, e na testa ao levantar as sobrancelhas, como que assombrados de espanto. Uns sentados, com as mãos entrelaçadas em volta dos joelhos; outros com uma perna por cima da outra e sobre ela uma mão suportando o cotovelo, e a outra segurando o queixo, coberto de barba venerável. 
                                                  DOS GESTOS DEMONSTRATIVOS 
              A ação pela qual numa figura indica qualquer ponto próximo, quer no sentido de tempo quer na situação, deve ser expressa pela mão ligeiramente afastada do corpo. Mas se esse mesmo ponto estiver muito afastado, a mão deve também estar muito retirada do corpo e a cara da figura voltada para aquela a quem o está a apontar. 
                      SOBRE A ATITUDE DOS CIRCUNDANTES PERANTE ALGUM 
                                               ACONTECIMENTO SENSACIONAL
               Todos aqueles que assistem a um acontecimento digno de menção experimentam a sua admiração, mas de diferentes maneiras como quando a mão da justiça pune um malfeitor.  Se o assunto for um ato de devoção, os olhares de todos os presente estarão fitos na direção do objeto da sua adoração, secundados por vários movimentos de piedade feitos com os outros membros. 
                Se for um caso para rir ou então um caso que inspire compaixão e provoque lágrimas, não será necessário que todos tenham os olhos voltados para o objeto, pois exprimirão os seus sentimentos por diversas maneiras; e será bom apresentar diversas figuras reunidas em grupos afim de se regozijarem ou lamentarem juntas. Se for um acontecimento horrível, os rostos dos que vão fugindo a tal vista exprimirão um grande medo, por meio de vários movimentos, que serão explicados no tratado sobre movimentos.
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NOTA: Esta aula de Da Vinci nos mostra como ele trabalhava para compor uma obra. Era, sem dúvida, um grande observador das atitudes das pessoas e suas maneiras de expressão. Naquele tempo não havia não havia fotografia e Da Vinci costumava desenhar - de forma rápida - todas as pessoas e o cenário que lhe interessava para a futura composição artística; nada escapava ao seu olhar atento e julgador que fizeram dele o grande artista, hoje reconhecido como um dos maiores gênios que a humanidade teve.  Leonardo considerava que o desenho era uma espécie de projeto da obra a ser realizada; hoje, infelizmente, muitos artistas não dão valor ao desenho; alguns nem sequer sabem desenhar. 
Nicéas Romeo Zanchett 





BREVEMENTE CONTINUAÇÃO.....     

   
     



COMO SE DEVE FAZER UMA TRAGÉDIA - Por Aristóteles

                                                                                   
Uma aula com Aristóteles.

                COMO SE DEVE FAZER UMA TRAGÉDIA - Por Aristóteles

                                                 DOS CARACTERES
   Como a constituição das tragedias mais belas não há de ser simples, mas implexa, e há de ser além disso imitadora de coisas que excitem o terror e a compaixão, porque isto é próprio deste gênero de imitação; segue-se, evidentemente, que nem devem introduzir-se homens muito bons e justos, que passem da fortuna para a desgraça, porque isto não é terrível, nem digno de compaixão, mas sim abominável; nem também homens maus, que passem da desgraça para a fortuna, pois que não há coisa menos trágica, porque lhe faltam todos os requisitos que deve ter a tragédia. Porquanto não é conforme os sentidos da humanidade, nem excita compaixão e terror. 
    Finalmente, também um homem muito mau não deve voltar da felicidade para a infelicidade; porque esta composição, bem que fosse conforme os sentimentos da humanidade, não produzia, contudo, compaixão nem terror;  porque a compaixão tem lugar a respeito do que é infeliz sem o merecer; e o terror a respeito do nosso semelhante desgraçado. Pelo que, neste caso, o que acontece nem parece terrível, nem digno de compaixão. 
    Resta pois o homem que está no meio destes extremos.  Este, é aquele que nem se distingue muito pela virtude e justiça, nem também cai em desgraça pela sua malícia própria, mas sim por algum erro, ou defeito. E há de ser alguma personagem das que estão em glória e felicidade, como Édipo, Thiestes e outros homens ilustres de semelhantes famílias. 
     É pois necessário que uma fábula bem constituída seja antes simples, do que composta, como alguns querem, e que a mudança não seja da desgraça para a fortuna, mas, pelo contrário, da fortuna para a desgraça; e finalmente, que não aconteça por maldade, mas por erro ou defeito grande de alguma pessoa, que seja tal qual dissemos; ou quando não, que antes propenda para melhor, do que para pior.
Isto se prova com a experiência; porque antigamente serviam-se os poetas de quaisquer fábulas, que encontravam; mas hoje as mais belas tragédias tomam o seu assunto de um pequeno número de famílias, como são as de Alcmeon, de Édipo, de Orestes, de Meleagro, de Thiestes, de Telefo, e de quaisquer outros que obraram ou padeceram coisas terríveis. 
     A mais bela tragédia, segundo as regras da arte, é aquela que for composta por este modo. Por isso erram os que culpam Eurípedes por observar estas regras nas suas tragédias, e por dar a muitas delas um êxito infeliz, pois que isto é o que deve ser, como já dissemos.
    A prova mais evidente, é que as tragédias deste gênero parecem as mais trágicas de todas, tanto no teatro como nos certames, se forem bem executadas. E o mesmo Eurípedes, posto que não disponha  bem outras coisas, parece, contudo, ser o mais trágico de todos os poetas.
     Segundo gênero de constituição das fábulas (que alguns põem em primeiro lugar), é o que tem uma constituição composta, como a Odisseia, e que se conclui por um modo contrário ao primeiro, tanto a respeito dos homens bons, como dos maus.   
    Julgou-se que esta merecia o primeiro lugar por imperícia dos teatros, porque os poetas se acomodaram a ela, compondo à vontade e sabor dos espectadores. Porém, o prazer que resulta deste gênero  de composição, é muito mais próprio da comédia que da tragédia; porque nela os que são na fábula inimicíssimos, como Orestes e Egistho, se tornaram por fim amigos, e nenhum deles é morto pelo outro.  

                    DE ONDE DEVE NASCER O TERROR E A COMPAIXÃO
      Pode, pois, excitar-se o terror e a compaixão pelo aparato da cena, e também pelo mesmo contexto das coisas,  o que tem o primeiro lugar, e é na verdade de melhor poeta. 
      Porquanto uma fábula deve estar composta de tal maneira, que quem ouvir as coisas que vão acontecendo, ainda que nada veja, só pelos sucessos se horrorize e se compadeça, como experimentará quem ouvir a tragédia de Édipo. 
     Ora, querer conseguir isto pelo espetáculo, é coisa para que não concorre a arte do poeta, e que depende do aparato e do custo da cena. 
    Também se desviam inteiramente da tragédia os que nos oferecem em espetáculo,não coisas terríveis, mas monstruosas; porque não se há de procurar indistintamente na tragédia qualquer gênero de prazer, porém, somente o que é próprio dela. 
     Como pois o poeta deve por meio da imitação preparar-nos aquele prazer, que nasce da compaixão e do terror, segue-se evidentemente, que ele há de se valer para isso das coisas que representa.


BREVEMENTE CONTINUAÇÃO.