Pintura de Romeo Zanchett
A CRIATIVIDADE DEPENDE DA LIBERDADEA liberdade é a maior fonte da criatividade. A criação de algo novo, seja uma melodia, uma pintura,uma escultura ou a construção de uma frase que ninguém tenha feito antes, exige esforço criativo. Os momentos de criatividade, em que nascem novas idéias, são imprevisíveis.
Toda a criatividade precisa, acima de tudo,de muita motivação e vontade de alcançar uma meta. É algo que vem de dentro e frequentemente é tão frágil que pode ser facilmente anulada pelo ambiente. As forças que inspiram ou tentam estimulá-la moldam sua qualidade. A motivação intrínseca conduz à criatividade, enquanto a extrínseca pode ser prejudicial. Isto quer dizer que quando somos inspirados pelos nossos próprios interesses temos prazer e maior probabilidade de explorar novos caminhos. Nessa condição somos impelidos a correr novos riscos e assim podermos produzir algo singular e proveitoso. Já quando as metas nos são impostas por outros ou outras razões, a criatividade fica muito prejudicada. É o caso de quando somos obrigados a produzir pela simples ânsia de ganhar dinheiro ou pelo temor do desemprego. Artistas talentosos como Van Gogh, Gauguin, Picasso e tantos, criavam pelo simples prazer, sem se preocupar com as questões financeiras, muito embora alguns tenham sofrido por isso. Muitos criadores nos legaram grandes feitos, mas viveram e morreram na pobreza.
Os julgamentos constantes podem inibir a criatividade. Já foi comprovado que as pessoas obtém melhores resultados quando sua produção não está frequentemente sendo julgada. Escrever poemas, pintar,desenhar, pesquisar cientificamente são tarefas que exigem liberdade e concentração. No caso das criações artísticas é muito comum as interferências externas que visam tão somente os resultados financeiros. O pintor que é conduzido pela marchand, mesmo com promessa de recompensas, não conseguirá produzir obras de boa qualidade. Isso fica muito evidente nos nossos dias em que a arte está sendo moldada pelo dinheiro.
Os gigantes da criatividade sempre trabalharam intensivamente, mas a liberdade de criação foi a marca determinante da qualidade de suas obras. Albert Einstein escreveu 248 trabalhos científicos; Picasso produziu uma média de 200 trabalhos por ano; Thomas Alva Edison registrou 1.093 patentes; Wolfgang Amadeus Mozart viveu apenas 35 anos, mas compôs mais de 600 peças.
Uma das características dos grandes gênios da humanidade é que começam trabalhar ainda jovens e produzem sem descanso até o fim da vida. Johann Sebastian Bach produziu mais de mil peças e ditou sua ultima obra no seu leito de morte, aos 65 anos; Sigmund Freud escreveu seu primeiro trabalho quando tinha apenas 21 anos.
Existe algo estranho que impulsiona os criadores a se aventurarem, em ritmo frenético, no mundo da beleza ou da verdade até idade avançada, mas o auge da idade produtiva, é na meia idade, ou seja, por volta dos 40 anos. Ludwig Van Beethoven compôs sua Quinta Sinfonia aos 37 anos, mesma idade em que Miguel Ângelo pintou a Capela Sistina. Mesmo com o avanço da idade, os atributos criativos nunca se esgotam, ao contrário, com o passar dos anos a experiência se soma à criatividade nata.
As pessoas criativas são inteligentes, mas o que se observa é que um alto grau de inteligência, por si só, não é garantia de sucesso. Sempre vemos pessoas inteligentes que vivem de forma comum e rotineira sem nunca chegar ao êxito. São indivíduos que aprendem uma profissão e a elas dedicam toda uma vida sem nada de novo criar. É como se já se sentissem realizados com o diploma e então param de estudar e passam a viver de forma repetitiva. Por outro lado, uma capacidade cerebral demasiadamente elevada pode até ser prejudicial. Também uma educação muito elevada pode ser um empecilho para a criatividade. É que os gênios criadores confiam mais na sua própria inteligência e costumam frequentar a escola até obterem o conhecimento básico e a capacidade técnica de que necessitam e então abandonam os estudos tradicionais e seguem por conta própria. É o que chamamos de auto-didata.
O conhecimento e a educação, por si mesmos, não tem nada de mal, mas os estudos tradicionais podem inibir a criatividade pela assimilação de métodos rotineiros de fazer as coisas. O conhecimento do passo-a-passo acaba impedindo as soluções insólitas, mas criativas. Se na escola a pessoa aprende os princípios básicos em vez de simples regras, o conhecimento pode ser verdadeiramente proveitoso. Entretanto, se a pessoa aprende uma fórmula para fazer as coisas acaba entrando numa rotina que facilita as realizações e então não sente necessidade de criar suas próprias maneiras de fazer.
Por tudo isso, a criatividade e a genialidade são parceias inseparáveis da liberdade.
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Nicéas Romeo Zanchett
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