Poesia sobre uma vernissage...
DESENCONTRO
Por Agenor Mário Cattoni
Noite de vernissage...
Pinturas, esculturas,
trabalhos em couro e madeira.
As paredes como pedestais.
Etiquetas de títulos,
nones,
preços.
Arte à venda.
Olhos procurando ver,
entender,
consumir.
Copos andando pelas mãos,
guloseimas de boca em boca.
Risos armados,
alguns alegrinhos,
outros discretamente tristes.
Apertos de mãos, beijos,
abraços e parabéns...
Gente entrando, cruzando.
Ninguém pára para ninguém...
Vultos buscando vultos.
Fantasmas andando,
Conversando e tateando,
Olfateando o vazio.
Muitos elogios colhidos e dados.
O álcool vai subindo,
a noite vai crescendo
na irracionalidade do finito.
O ser vai se negando
na profunda essência
de sua existência.
BIOGRAFIA SIMPLIFICADA
- Agenor Mario Cattoni, filho de pequenos camponeses, nasceu em Rio dos Cedros - Santa Catarina. É licenciado em Filosofia Pura e em Ciências Sociais pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Em 1973, por concurso público, passou a lecionar cadeiras de Sociologia na Universidade Estadual de Londrina - PR. Em 1980 concluiu o curso de Pós-Graduação em Sociologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo obtendo o grau de Mestre em Ciências Sociais com a defesa da tese "Os espoliados da terra" (estudo sobre a espoliação e proletarização do pequeno camponês brasileiro), sob orientação do professor Dr. Octávio Lanni.
Deixou o magistério para dedicar-se a atividades particulares.
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Esta poesia "DESENCONTRO" mostra, com genialidade, o cenário de uma vernissage, onde a falsidade, os interesses individuais, o desinteresse e desconhecimento da arte são evidenciados. São inúmeras as pessoas que vão às vernissagens apenas por badalação, degustação e bebidas.
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Nicéas Romeo Zanchett
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