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terça-feira, 7 de maio de 2013

COMO COMPRAR OBRAS DE ARTE - Por Romeo Zanchett

Obra ilustrativa de Romeo Zanchett 
COMO COMPRAR OBRAS DE ARTE 
                 A obra de arte pode ter um valor financeiro como um imóvel, uma ação na bolsa ou outro bem de valor; e muitos as adquirem como investimento de segurança. No ano de 2007 (data em que escrevi este artigo) a Christies faturou mais de seis bilhões de euros em seus leilões. Isto vem demonstrar que o mercado de arte está aquecido; provavelmente porque havia insegurança no mercado de ações americano em virtude dos problemas financeiros com grandes empresas e bancos daquele país. Nos momentos de crise mundial, a arte  sempre foi um refúgio seguro de investimento.
                 Muitos adquirem arte como prova de bom gosto, distinção social e especialmente para exibi-los aos amigos. Não cabe julgá-los, mas apenas constatar o fato e torcer para que, o que hoje é apenas exibicionismo social, se torne paixão duradoura. 
                 O comprador de arte deve ter em mente os diversos fatores que determinam o real valor de uma obra. 
AUTORIA - Quem é o autor?; trata-se de obra típica desse autor? ; pertence a uma fase ou momento esteticamente importante de sua evolução artística?; certos artistas tornam-se célebres em razão de determinado tema ou motivo; o pintor Pancetti, por exemplo, era marinhista e, portanto suas marinhas têm mais valor, do ponto de vista financeiro.
QUALIDADE - Trata-se de obra importante do autor?; qual sua qualidade, em relação a outras do mesmo autor?.  Nenhum artista, por mais famoso que seja, terá produzido apenas obras primas; há que se fixar o melhor e o pior de sua produção e estabelecer ainda os diversos marcos que se colocam entre esses dois extremos; o preço variará muito, dentro de certos limites, segundo a menor ou a maior qualidade da obra. 
QUANTIDADE - Qual a situação do mercado de arte em relação às obras do autor?; há mais oferta ou mais procura?; o preço de uma obra deverá estar na razão direta de sua qualidade e na inversa de sua quantidade; uma produção abundante, se não controlada por um hábil "marchand", determinará fatalmente  banalização dos preços; por outro lado, uma produção por demais escassa terminará por colocar seu autor fora do mercado. 
TEMAS E DIMENSÕES - Muitas vezes, obras de artistas bem cotados e com excelente qualidade atingem baixo preço devido a seu tema ou às suas dimensões; por exemplo, uma obra com o tamanho da "Batalha dos Guararapes" ou do tamanho de uma caixa de fósforo será sempre de difícil vendagem; lembremo-nos das pretensiosas palavras de Protágoras - "O homem é a medida de todas as coisa". 
ESTADO DE CONSERVAÇÃO - Quanto melhor o estado de conservação, maior o preço; uma obra já restaurada valerá menos que outra íntegra; o estado de conservação de uma obra geralmente é classificado em: A (excelente), B (bom), C (danificado); pequenas restaurações executadas por um profissional consciencioso e capaz não diminuem, a rigor, o preço; é preciso tomar muito cuidado com os falsos restauradores que, infelizmente, no Brasil existem muitos.
PEDIGREE DA OBRA - O grau de autenticidade de uma obra é muito importante para se estabelecer seu valor. Seu pedigree é aferido pelas exposições em que tomou parte, nos livros em que foi citada ou reproduzida, nas coleções a que pertenceu, nos museus em que foi exibida e assim por diante. 
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NOTA FINAL : Dedico esta informações à memória do meu saudoso amigo Jorge Beltrão que sempre me incentivava e dava orientações artísticas. exigindo que tomasse nota de cada detalhe. Para quem não conheceu, Jorge Beltrão foi um dos maiores marchands do Brasil. Proprietário da Montmartre Gallery, no Rio de Janeiro que, por muitos anos, foi o principal ponto de encontro de grandes nomes da arte brasileira, com quem tive o prazer de conviver e trabalhar de 1973 a 1979. 
Nicéas Romeo Zanchett 


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