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quinta-feira, 9 de maio de 2013

A ARTE E A NATUREZA - Por Romeo Zanchett

Obra ilustrativa 
Pintura em Paste de Romeo Zanchett 
A ARTE E A NATUREZA 
                     A arte sempre tem o objetivo de nos proporcionar prazer. É pela arte da imitação que produzimos as belezas da natureza. 
                     A escola realista ou naturalista pretende fazer da imitação o fim e a perfeição da arte.  Estabelece como princípio que, sendo verdadeiro somente o real, também só este é belo e sempre belo. É, pois, a negação do ideal.  Aristóteles dizia que qualquer imitação agrada, mesmo quando a visão do objeto real nos deixa indiferentes; e essa imitação é tanto mais interessante quanto melhor se execute e quanto maiores dificuldades ofereça. Todavia, qualquer que seja a importância da natureza, é impossível nela ver, com a escola realista, o fim e a perfeição da arte. 
                     Em sentido geral, e em oposição à natureza, a arte significa qualquer obra executada pela mão do homem. Já, a natureza tem vida própria, independe da vontade do homem. Como afirmava Leibniz sobre a arte divina, cada micro parte da natureza é vida.
                     A imitação, longe de ser o fim da arte, nem sempre  é, por outro lado, a sua condição. É elemento quase que completamente ausente na arquitetura, na poesia lírica; Jamais musico algum tentou exprimir a dor  pela exata reprodução de gritos e soluços. Mesmo o mais sábio dos poetas, não fala espontaneamente por meio de versos, como na poesia dramática, nem por meio de canto, como na ópera. Estaríamos riscando das belas artes o desenho e a estatuária, porque a natureza é sempre colorida e a ilusão é impossível sem cores. Na luta com a realidade, a arte é de antemão vencida e fatalmente condenada a ficar infinitamente abaixo do modelo. Não há como expressar a natureza artisticamente com perfeição; a essa impossibilidade objetiva, temos de acrescentar outra, a subjetiva; porque temos de levar em conta que não há duas pessoas que vejam tanto a natureza como a obra de arte de modo idêntico; o artista jamais vê a realidade tal como ela é, mas sim como é ele mesmo; mesmo inconscientemente põe na sua obra alguma coisa de si próprio que pode até passar despercebido por outros a a veem. 
                     Em presença da realidade, muitas obras primas trágicas são, do ponto de vista visual, insuportáveis; a emoção estética desaparece para dar lugar ao espanto, à indignação e ao horror. 
                     O belo fala à nossa alma e desperta instintivamente o artista a a imitá-lo e a reproduzi-lo. Como afirmava Plotino, admirar é imitar. A admiração estimula a atividade humana e provoca a exaltação fecunda de todas as nossas faculdades; a isso chamamos de inspiração.  A partir daí não nos contentamos mais com o simples fato de compreender a arte, queremos vê-la falar e exprimir o que sentimos.
                     Em certo sentido, mais restrito ainda, a arte se opõe ao ofício; este tem por fim a produção de coisas úteis e ela a produção de coisas belas. Daí porque chamamos a primeira de arte mecânica ou industrial e a segunda de belas artes. É a arte compreendida como expressão refletida da beleza, sob uma forma sensível, que se trata em estética.
                    O artista deverá, pois, reproduzir seu modelo, não servilmente e tal como o encontra na natureza, mas tal como compreende, tal como o sente, tal qual o quer; em outras palavras, deverá pintar não somente a natureza, mas de acordo com com ela e segundo seus sentimentos.
                    A realidade jamais satisfaz plenamente a nossa razão estética. A beleza das coisas nos aparecem sempre mais ou menos incompleta; muitas vezes está velada pelas razões de utilidade, que tornam a impressão vaga e indecisa. O artista tem o dever de interpretar essa linguagem, traduzi-la em sinais claros e inteligíveis, que façam sobressair seu sentido e lhe aumentem o valor estético. Em outros termos, deve idealizar seu modelo de acordo com seus sentimentos.
                    A natureza, seja ela uma paisagem, um corpo ou um objeto, é sempre mais ou menos luxuriante e espessa. Portanto, o primeiro cuidado do artista será cortar os pormenores insignificantes, que o mascaram ou complicam inutilmente. Apos este trabalho preliminar de simplificação, ele deve intensificar os traços característicos, afim de fazê-los mais perceptíveis e mais sensíveis; é dessa forma que imprimirá à sua obra o cunho de sua personalidade, fará dela verdadeiramente a expressão de uma alma, quando embora não pareça senão uma cópia do real. É isso que se endente por expressão individual.    
                    Por tudo isso, se tivermos como objetivo a imitação perfeita, a máquina fotográfica, ou melhor, ainda, um espelho substituem vantajosamente a arte e os artistas.
Nicéas Romeo Zanchett 
http://gotasdeculturauniversal.blogspot.com.br  

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