A RENASCENÇA
Bronzino
O cristianismo tinha pregado à raça do norte, instalada sobre solo ainda virgem, a doutrina da privação, da continência, e involuntariamente, sem pensar, tinha contribuído para desenvolver a economia, e pela economia a riqueza. O homem trabalhava com sentimento da expiação, unicamente porque o trabalho fora o sentimento da expiação, unicamente porque o trabalho fora o anátema (uma oferenda) que deus lançara sobre ele à saída do Éden. Obedecia ao castigo, o espírito disposto à mortificação, abafando em si a voz do desejo, como uma provocação do "tentador".
O trabalhador levantava a princípio, e apenas do produzido pela sua mão, a parte estritamente necessária à sua existência, e restituía o excedente ao solo como novo meio de produção. A riqueza imobiliária crescia assim de hora para hora, sucessivamente aumentada pela mão de obra de cada família. A herdade, a quinta, a represa, a fábrica, saem uma a uma da terra, como um segunda vegetação. Esta fecundidade, sem cessar aumenta, convidava sem cessar o homem a gozar, pela facilidade de meios ao gosto oferecidos. E, no próprio aumento em que a crença plenamente, completamente aceita, por ele afirmada sem reserva, sem contestação, no mais profundo do seu íntimo, da sua consciência, lhe dizia, lhe gritava por todas as vozes de ar, por todas as pedras do caminho, que o corpo era uma farrapo, o bem-estar um pecado, a felicidade em desafio, o luxo uma blasfêmia, a satisfação dos sentidos uma perdição, ele procurava, apesar da ameaça do dogma, apesar do protesto doloroso da sua própria convicção, apesar do perigo, apesar do interdito da igreja, como empurrado, como precipitado por uma força irresistível, por uma nova revelação, procurava, isto não basta, invocava com paixão o ouro, a seda, a riqueza, o esplendor, a beleza, a eflorescência da carne e a volúpia da sensação.
Enquanto a sua alma atrasada, inquieta, suspirava, gemia sob velhos dogmas, úteis um dia e agora enganadores, de decadência e de penitência ele sentia estremecer, transbordar em si uma vida, mais forte do que a sua própria crença. O sinal de regeneração resplandecia por todos os lado. O coração do homem, revolvido de alto a baixo, esperava o milagre precursor da ideia. O milagre falou.
Um homem ia de cidade em cidade, oferecendo aos príncipes da Europa um mundo por um navio. Tinha acuradamente pesado a terra, ao clarão da sua lâmpada, na concha do seu pensamento. Não lhe encontrava o peso que ela devia ter na criação e continuava a machinar (cortar com machim) em silêncio no problema. Observava à tarde, no ocaso, o sol mergulhar na escuma do Mediterrâneo. Onde ia este sublime iluminador do espaço que fugia no horizonte na púrpura da nuvem? Ia visitar com se esplendor uma outra região desconhecida ao nosso olhar? Se a terra era esférica, a lei do equilíbrio assim o exigia. À medida que o grande visionário prolongava, diante do céu apagado, este interrogatório do gênio do seu próprio pensamento, a sua dúvida interior, sucessivamente esclarecida, tornava,no fundo da sua consciência, uma aparência, uma ralidade. Via ali, na sua frente, nos confins da última estrela, tão seguramente como com os olhos do raciocínio, um continente. Pula, como que levantado por toda a energia elétrica do planeta. Abre os braços ao espaço e grita:
- Tenho um mundo!
Ouve-lhe o grito o mar e repete-o de vaga em vaga até à margem da Atlântida.
O mendigo dos príncipe vagueia, bordão na mão, levando de corte em corte o continente do seu pensamento. nenhum soberano da Itália quis aceitar esse dom dum sonho, e o profeta do hemisfério atlântico ia bater à porta dum outro reino. Tinha fé na sua visão. Abafava no estreito recinto da nossa geografia. a esperança caminhava-lhe na frente, mostrando-lhe o caminho. Segue-a, a fronte radiante, sem escutar o estupido murmúrio da ironia. Encontra por fim uma mulher, uma rainha, que quis contribuir com seu tesouro para a verificação do seu pressentimento. Dá-lhe ela um navio, e ele parte.
O espírito do progresso, esse conluio universal, involuntário, de conjurados estrangeiros e devotados, sem se conhecerem uns aos outros, tinha já, por um admirável cortesia e uma simpatia admirável, inventando a bússola, esse relógio do espaço que marca a rota dos viajantes na ponta da sua agulha. Conduzido por essa muda assistência que, no fundo do olvido da Arábia, talvez um colaborador incógnito lhe tinha preparado, o ousado aventureiro desfralda a vela ao sopro do mistério.
Dede dias, desde semanas, que a costa lhe tinha fugido para trás. Ia, ia sempre; a vaga vinha e passava; o vácuo ressurgia do vácuo ao seu olhar; o sol nascia nascia e morria sobre a mesma incerteza. A equipagem, diante da imensidade, duvida duma margem. E julgando que o mundo ia faltar, quis forçar o conquistador de um enigma a reconsiderar a sua temeridade. Mas ele, invencivelmente confiado no seu sonho e por todos os lados envolvido pela nada, deixava que o vento de Deus lhe impelisse a nave, e observava o horizonte. A terra estava ali, no fim do seu dedo; via-a, podia mostrá-la.
E uma manhã, - a natureza tinha trajado nesse dia as suas vestes de gala, como para um grande dia da humanidade, - o intrépido navegador, viu de súbito surgir da escuma, à proa do seu navio, a terra do seu sonho, ornamentada da palma do trópico, sorridente no esplendor da manhã. A sua noiva tinha sacudido, à sua aproximação, o ramalhete umedecido de orvalho e parecia vir para ele num eflúvio perfumado. Reconheceu-a: tantas vezes a tinha visto na meditação das suas vigílias! Deixa escapar a cana de leme e cai, fulminado, de joelhos sobre o tombadilho. A carne era muito fraca para suportar uma alegria do espírito.
Tinha aberto à sua pátria adotiva a porta da riqueza. A Espanha fora às pressas sobre seus rastos amontoar o ouro na esteira do sol. Quando Deus quer atrair a civilização para uma região, esconde ali um tesouro. O eterno Argonauta do progresso transpõe o abismo para conquistar o misterioso velo. A Espanha fora a primeira a Espérida, cujo brilho tentador chamava a humanidade para o ocidente. Mas no dia em que a civilização invadiu a Europa, a Espérida, sacudindo a sua dourada, tomara o voo, e desaparecera do outro lado do mar, no crepúsculo do ocaso. A Espanha tinha-a perseguido por sua vez a tornara a encontrá-la num vale das Cordilheiras. A Espérida de novo fugira, passado quatro séculos, para enigmar as margens de outro mar, em frente a Ásia. Mensageira mística da caravana do progresso, é ela que lhe indica o seu caminho no espaço.
O ouro é o único sedutor assas poderoso para arrancar o homem ao seu lar, e exitá-lo à expatriação. Oferece, com efeito, ao colono uma riqueza imediata que reembolsa em pouco tempo ao décuplo o adiantamento da emigração; para as primeiras despesas de transplantação da raça civilizada ao meio da raça ainda mergulhada na barbaria, e acumula a população espalhada à roda da cratera hiante das suas minas. Semeia aqui e ali centros de produção ou de permuta; promove em fim, em toda a extensão vigorosa e multíplice da palavra colonização.
O tesouro escondido no México serviu, pois, imensamente à humanidade, menos por ele propriamente, menos pela sua barra que pela sua influência e pela sua atração. Convidou e deteve a raça européia América.
Essa raça poderosa, munida de todas as armas da civilização, arrancou desta natureza virgem, de entranhas ardentes, uma vida nova, nova embriaguez. Deitou o homem na sua taça a seiva de outra vegetação, e bebeu o aroma de outro sol. Revestiu-se de esplendores e colheu essências desconhecidas à sua primeira pátria. Enriqueceu o seu poder de ser, a sua gama de sensação, de toda a volúpia, de toda a utilidade que a baunilha, a cana de assucar, a seiva luxuriante do trópico, espalham hoje à roda dele, sobre ele, à sua mesa, no seu festim, á sua cabeceira. Já Vasco da Gama tinha dobrado o Cabo da Boa Esperança e, pelo lado aposto, atingido a Ásia, pela grande etapa do oeste. Assim a Europa tinha, ao mesmo tempo, os dois continentes vencidos, e presos às âncoras dos seus navios. Ela reverterá mais tarde sobre a América a quente ambrosia da Ásia, a especiaria e o café, para que a fibra do homem do Norte, aquecida à chama e banhada da eletricidade do "meio dia", mais simpática, mais vibrante à sensação, absorva e repercuta na atmosfera mais entusiasmo e mais gênio.
Algum tempo depois outro profeta, um outro Titan revoltado contra a debilidade da nossa natureza, ia visitar Deus e roubava-lhe o segredo da criação. Inventava o telescópio, dava ao homem um sentido a mais, que via o que o olho carnal nunca tinha visto: a imensidade escondida por detrás da imensidade. Ao primeiro olhar do homem que acometia o céu abate a abóbada dos velhos tempos. A estrela, surpreendida na nudez, recuo no espaço a séculos de distância. O espírito da terra sobe à altura a que ainda não chegara o voo do anjo. Calcula o Éter, um milhão de vezes acumulado sobre o Éter, o prodigioso e brilhante limite que Deus colocara no caminho do infinito.
Assim, à medida que Cristóvão Colombo estendia sob nossos pés o espaço do globo, Galileu, por uma admirável correlação, desdobrava sobre a nossa cabeça o espaço do firmamento. Executavam um e outro o mandado do progresso; conduziam a humanidade mais para diante na imensidão. Mas o novo Prometeu, que tinha conquistado mais do que a chama, que tinha conquistado a luz, que tinha dito à terra: "Move-te!" com o escândalo da Escritura, tinha desafiado o poder, de aí por diante surdo, cego, esgotado com a sua obra e amortalhado no seu progresso. Mas devia espiar a temeridade. O velho dogma lança-lhe a mão e arrasta-o, enfraquecido pelo peso da sua glória,até ao limiar duma igreja. Com mão brutal curva-lhe a fronte na poeira e obriga-o, com a força do braço, a renegar e revelação visível de Deus vivo. E aquele que era então entre todos o maior, balbucia, os dois joelhos em terra, a rejeição da sua própria grandeza. Logo que a terra ouviu esta injúria à criação, um monge colocou uma mordaça na boca do sábio, para impor o silêncio a este gênio ainda cheio de verdade. Tinha escolhido bem o suplício: o silêncio para um semelhante confidente da eternidade devia ser com efeito o mais cruel castigo.
A razão humana, a ciência, iam perecer sob a polícia do papado conjurada com o poder secular para recalcar toda a nova expansão da verdade, se um obreiro, um desconhecido perdido na sombra da multidão, não tivesse tido a ideia de dispor cada letra do alfabeto num grão de metal. Logo que um pensamento acabava de surgir no mundo, sobre uma folha de papel, o operário revolvia a poeira da palavra que fundia no seu cadinho, e, pela misteriosa química da sua inteligência, transformava a letra de mão em letra de ferro, e recompunha o manuscrito sobre chassis. Colocava em seguida o chassis sobre um cilindro, e reproduzia a cada pancada da prensa tantas vezes o pensamento de um só quantos escritos havia capazes de o compreender no mundo das inteligências.
A ciência, até então trabalhosamente transcrita sobre velino, de dispendiosa mão de obra, fora unicamente a distração, a volúpia suntuária das corporações e das aristocracias. Só podia pensar em comunicar com os séculos, o que era assaz independente pela sua fortuna para adquirir uma biblioteca, porque uma biblioteca representava então a existência de muitas famílias.
A imprensa resgata esta desigualdade, esta iniquidade do destino, entre filhos dum mesmo espírito, igualmente nascidos para a ciência. Ao mesmo tempo que a economia, sempre crescente, metia na mão de cada homem a riqueza acumulada dos seus antepassados, Gutemberg metia na outra mão o gênio tradicional da história. Lançava do chofre da alma do mais humilde servidor da ideia a alma inteira da humanidade; reconduzia toda a parte de eternidade, deixada para traz no fundo do passado, sobre cada fronte pendia no estudo; abria ao mesmo tempo um imenso auditório, um auditório instantâneo, à ciência e à inspiração.
Em qualquer lugar em que a voz humana falara para todos, a imprensa tomava essa palavra, quente ainda do sopro do lábio, vazava-a no molde, multiplicava-a sem conta, e lançava-a ao mundo como a folha da Sibila. Não havia sob o sol um pensamento escrito, manifesto, que não recebesse logo a repercussão em simpatia, em admiração, em refutação ou em contradição. Arrebatada pelo vento do espaço até onde podiam chegar os passos do homem, provocava indefinidamente na sua passagem a concorrência e colaboração universal da humanidade. Todo o homem falava ao mesmo tempo por toda a parte, o gênio respondia ao gênio, o relâmpago pedia o relâmpago, a verdade explodia na imensidade. Nenhuma ideia tinha tempo de dormir.Sempre de pé, sempre errante através das nações, pregava, convertia sempre. A atmosfera inteira estava cheia duma perpétua palavra que ia e vinha infatigavelmente, duma a outra fronteira. O Cristianismo tinha fundado na Europa a unidade da crença, a imprensa funda a unidade da razão.
A glória deixou de conhecer a incerteza da espera, quebrou a prisão do isolamento, viu com os seus olhos a impressão contemporânea de sua obra, assistiu em vida à sua posteridade, faz convergir sobre ela a admiração do povo pela confiança no seu trabalho, aumentou o gênio pela certeza do seu gênio, ainda nesta vida pôs um pé na eternidade, pôde morrer sem temer a mordedura do tempo sobre o seu pensamento. O seu pensamento multiplicado ao infinito, e gravado como sobre bronze, desafiava de aí em diante todos os cataclismos; porque vive amoedado em mais parcelas do que a inteligências. Para destruir, a mão do homem teria de reavê-lo de cada nação, molécula por molécula. O mesmo valeria retomar a gota à água do Oceano. O espírito de morte ainda o não tentou.
A imprensa liberta a razão humana da tutela da Igreja, inaugura no mundo a democracia do conhecimento, nivela o sacerdócio interior do pensamento, faz de todo o olhar elevado ao céu um testemunho da Divindade, entrega a cada homem o cargo da sua própria crença e transforma a humanidade numa vasta escola, numa reciprocidade de ensino, onde todos, humildes e poderosos, trazem e levam uma convicção. Comunhão sagrada de alma com alma, através do tempo, através da distância/ carne incorruptível da ideia eternamente servida a todos no banquete da verdade, um dia chegará, não o duvido, em que o homem, mais adiantado, e mais reconhecido, inscreverá religiosamente a tua festa no eucológio do progresso e cantará cada ano o Te Deum da tua vitória sobre o espírito das trevas! A imprensa tinha dominado a ignorância, mas nenhuma potência tinha ainda podido submeter o despotismo esparso do feudalismo. Refugiada e barricada na sua torre, sobre o cimo do rochedo, a raça conquistadora, sempre soberba, deixava o fluxo dos exercícios bater inutilmente na base da sua muralha. Do alto dos seus castelos, tão numerosos como as colinas, tão altos como a região das águias, desafiava o arco e o ariete, inacessível e sempre pronto a fulminar como raio na nuvem. A força reunida da população, acumulada em dado momento contra ele, não era ainda bastante para deitar por terra esta pedra de opressão que pesava sobre cada vale. Mas, enquanto o senhor dormia, com o seu orgulho, embalado pelo ruído do vento, um humilde monge triturava na sombra o enxofre e o carvão para distrair os ócios da cela; amassava no fundo da sua escudela um punhado desta poeira, aproxima-se-lhe a chama, e a escudela voa em estilhas. Tinha achado, ou pelo menos demonstrado, recreando-se de quebrar a montanha. Meteu na mão do homem o poder do raio, e um dia o barão ouviu na planície uma surda detonação. Um relâmpago demorado, que parecia sair das entranhas da terra, ia feri-lo sobre seu rochedo; sentiu a torre estremecer com o estampido, oscilar, inclinar-se um instante e abater pela base. O dominador, surpreendido e vencido na ostentação da sua inviolabilidade, na sua invulnerabilidade, lança ao espaço uma derradeira blasfêmia, e desaparece no abismo, sob a ruína do seu castelo.
Alguns séculos depois, restava apenas deste mundo de terror, que por tanto tempo tinha pesado sobre a França com o peso dos seus baluartes, uma torre meio desmantelada, para testemunhar ainda o passado. Essa torre, suspensa sobre o abismo, cascata móvel, caía pedra a pedra no fundo do barranco. A hera envolvia-a numa fúnebre roupagem trêmula em que gemia um lamento eterno. De tempos a tempos, um falcão, calvo e fatigado de viver, vinha terminar o voo sobre a última ameia, e aí, inclinado sobre o espaço, a asa meio aberta, o pescoço estendido,
chamava com um melancólico grito o vento que já o não podia manter.
O feudalismo e a ignorância estavam dispersos, varridos no mesmo dia, pela mesma vontade. A pólvora do canhão tinha nivelado o território; a imprensa igualara o espírito. O mundo moderno nascia; a democracia já se agitava. Um homem iria breve escrever: "Penso, logo existo!" e proclamar com uma palavra a soberania da razão.
A viagem terminou e o viajante pôde dizer consigo: bendigo deus emfim. O mundo está salvo. Vou aqui levantar a minha tenda. Vou repousar um instante. O progresso está demonstrado. Ah! bastante vezes maldisse o comprimento do caminho. Sentia, falando, uma dúvida murmurar surdamente sob a minha palavra, no fundo da minha consciência. Dizia-me essa dúvida: Tu queres justificar a civilização e justificas a injustiça. Aceitas sucessivamente diante da história a casta, a escravidão, a gleba, a servidão; aprovas sucessivamente o feiticismo, o panteísmo, o politeísmo, o judaísmo, o cristianismo; tens uma desculpa mais ainda, verdadeiro reconhecimento por cada iniquidade, por cada erro que tu,mais tarde, reconheces ser um erro e uma iniquidade."
A esta dúvida, eis o que a experiência responde: "Todo o problema da história é uma questão de ótica. Se o historiador, verdadeiro espectador do passado, se vai colocar no ponto d partida, e observa em seguida a humanidade, débil, de certa maneira animal, mergulhada na última servidão da estação, da fome, da doença, então compreenderá, bendirá toda a outra forma de escravidão menos perigosa, menos custosa, que permite ao homem amontoar no seu caminho mais conhecimentos e mais liberdade. Se se coloca, ao contrário, no ponto de chegada da humanidade ajuíza de todos os períodos anteriores, e por conseguinte inferiores da civilização, segundo as últimas conquistas e as últimas transformações da história, falseia o juízo, julga o bem depois, do melhor, calunia necessariamente o passado, sempre condenado a ser alternativamente bem ou mal; bem quanto a este momento; mal com respeito àquele outro. Depois queremos ser justos, devemos dizer: toda a forma que tende a criar um progresso deve ser bendita à hora desse progresso; toda a forma que, depois de ter criado um progresso, desaparece abolida pelo próprio progresso, é, de aí em diante digna de reprovação."
Pedro Clemente Eugênio Pelletan
BREVE BIOGRAFIA de Eugênio Pelletan
Pedro Clemente Eugênio Pelletan, escritor e político francês, nasceu em Saint-Palais- sur-Mer em 1813, e faleceu em em Paris em 1884.
Logo que chegou a Paris colaborou em vários jornais; em 1864 foi eleito deputado e depois reeleito em 1869. Em 1870 foi membro do "Governo da Defesa", e continuando a sua carreira política, foi nomeado senador em 1884. Publicou, entre outras obras: Profession de foi do XIX siecle, em 1852; Le monde marche, 1857; Les Droits de l'Homme, em 1858; La famille; La Mère, em 1865; Le Grand Fredéric, em 1878, etc.
Nicéas Romeo Zanchett