INÍCIO DA LITERATURA CRISTÃ
Por Nicéas Romeo Zanchett
O cristianismo surgiu na capital do Império Romano no tempo de Cláudio. De lá, estendeu suas conquistas até as províncias mais afastadas do mundo ocidental. No princípio, a nova religião era professada por pessoas de condição humilde, mas aos poucos foi se infiltrando gradualmente nas classes elevadas.
A oposição suscitada pelos defensores do paganismo, nos séculos II e III, e deu como resultado uma literatura de caráter apologético, que opôs sua réplica contundente aos escritos dos partidários das antigas crenças.
Mais tarde (possivelmente nos séculos IV e V), quando já tinha cessado a época da perseguições, os padres da Igreja ensinam a nova doutrina e os poetas celebram suas belezas.
Entre os apologistas importantes figuram Tertuliano (155 x 225), polemista fogoso e grande orador; São Cipriano, bispo de Cartago, autor de várias obras, entre elas uma série interessantíssima de Cartas; Minúcio Félix, que em diálogo de estilo ciceroniano, intitulado Octávio, defendeu com energia os princípios da nova fé; Também tiveram destaque Lactâncio e muitos outros.
Os principais padres da Igreja foram São Hilário, bispo de Poitiers; Santo Ambrósio, arcebispo de Milão; e São Jerônimo (331 x 420), que além de traduzir o Antigo e o Novo Testamento (a Vulgata), deixou uma coleção de Cartas, de inapreciável valor, extensos escritos dogmáticos e polêmicos, uma Crônica e um tratado do "Varões Ilustres", continuando depois por Genádio, Santo Isidoro e Santo Ildefonso. Para finalizar, temos Santo Agostinho (350 x 430), bispo de Hipona, na África, cujas duas obras principais são "A Cidade de Deus" e "As Confissões", dois dos mais belos livros de todos os tempos.
Os poetas da época também tiveram destaque. Entre eles podemos citar Comodiano, Sidônio Apolinário, Sedúlio, São Paulino de Nola, e o espanhol Marco Aurélio Prudêncio Clemente, que, dotado de fina sensibilidade e de poderosa imaginação, expôs com clareza as teses mais sutis e cantou os heróis da nova crença em hinos cheios de fervor.
Figura de relevo dessa época foi Marco Aurélio, o imperador-filósofo, cuja obra principal tomou o título de "Meditações".
Como exemplo da filosofia desse grande imperador, que foi um dos maiores governantes do Império Romano, temos algumas citações:
"Lembre-se de que há pessoas que, apesar de serem muito ativas, nada fazem de proveitoso. Cansam-se inutilmente e esgotam suas forças sem aspirarem a um fim determinado, sem obedecer a nenhum plano."
" Deves proceder sempre, pensando que podes morrer quando menos o esperes; mas isso sem temeres a morte. Se há deuses ou Providência, serás salvo; e, se não os houvesse, um mundo sem deuses não é digno de que o homem viva nele."
" Devemos de preferência atender às nossas almas, pois os corpos estão perdidos. Hipócrates, que curou tantas doenças, por fim caiu enfermo e morreu."
" Alexandre, Pompeu e Júlio César, que semearam por toda parte a morte e a destruição, acabaram por ser mortos e destruídos. Demócrito foi derrotado pelos vermes e outros vermes destruíram Sócrates."
" Não é absolutamente necessário abandonar a cidade para encontrar a paz. Devemos aprender a maneira de nos separarmos em nós mesmos e assim encontraremos uma paz perfeita, ainda que nos rodeie a multidão."
" Não procedas com se tivesses diante de ti dez mil anos de vida; a morte acotovela-nos. Procura, enquanto vives, servir para alguma coisa que esteja ao alcance de tuas aptidões. Bem depressa serás de novo absorvido por essa força diretora do Universo que te deu a vida."
Marco Aurélio foi um grande sábio; procurou em sua vida, praticar as virtudes que recomendava ao próximo. Diante dessa grandeza, seus erros se apequenaram.
Nicéas Romeo Zanchett
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